Por que acreditar que quantidade é qualidade em sua alimentação? 



Se quantidade não é qualidade na alimentação, deve ao alto grau de obesidade no Brasil. Se for consumido proteína, além de nutrir, proporciona saciedade. O obeso ingere muito carboidrato, que não sacia e o faz comer o dobro,

A ausência de proteínas na alimentação pode levar a comprometimento da imunidade, inchaço, queda de cabelo e alteração da cor dos fios, fragilidade das unhas e sonolência. O agravamento do quadro causa sintomas neurológicos, como confusão mental, e pode até matar por encefalopatia.

Mas para continuar com uma dieta com as proporções adequadas dos macronutrientes (proteínas, carboidratos e gorduras) é necessário para prevenir problemas de saúde, defendo o médico Abdon José Murad Júnior.

A deficiência de carboidratos provoca a formação de corpos cetônicos, substâncias tóxicas para rins e cérebro. A ingestão de gordura abaixo do ideal pode reduzir a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).

No Brasil, a cada cinco pessoas, sofre de obesidade. Ou seja, mais da metade da população está acima do peso. O país que combate a fome e a desnutrição, também tem que lidar com a saúde de pessoas que sofrem com a doença da obesidade.

Só no Brasil a obesidade aumentou em 60%, passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. O excesso de peso também subiu de 42,6% para 53,8% no período.

Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), com base em entrevistas realizadas de fevereiro a dezembro de 2016 com 53.210 pessoas maiores de 18 anos de todas as capitais brasileiras.

"Um dos maiores fatores é a mudança dos hábitos alimentares que se observa desde os anos 1970." Diz Abdon Murad.

Com o desenvolvimento da sociedade, o pouco tempo para comer, as pessoas deixaram de fazer as refeições em casa e passaram a optar por comidas mais rápidas e mais calóricas.

Uma dieta diversificada é importante para combater a obesidade, assim como o consumo de produtos não industrializados

O aumento da obesidade coincide com um período de crescimento do poder de compra dos brasileiros, incentivado por políticas econômicas e programas de distribuição de renda.

Segundo uma pesquisa do instituto Data Popular, a renda da classe média, que representa 56% da população, cresceu 71% entre 2005 e 2015, sendo que a renda dos 25% mais pobres foi a que mais aumentou. Assim, a chamada classe C passou a ter acesso a produtos antes restritos à elite. Além disso, ao se inserir no mercado de trabalho, o brasileiro acaba incorporando hábitos menos saudáveis.

"Não surpreende o alto índice de obesidade na faixa etária entre os 25 e os 44 anos, porque isso corresponde justamente a essas mudanças no estilo de vida, quando os jovens deixam de depender de seus pais e passam a ter uma rotina mais voltada à carreira profissional", pondera a endocrinologista Marcela Ferrão, pós-graduada em nutrologia e membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

A Vigitel mostrou que o excesso de peso aumenta significativamente da faixa etária dos 18 aos 24 anos (30,3%) para a dos 25 aos 44 anos (50, 3%). Há uma alta prevalência de obesidade nessa faixa etária: 17%. Considera-se obesidade Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 30 kg/m2 e excesso de peso IMC igual ou maior que 25 kg/m2.

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Genética 'gorda'

O médico Abdon Murad Júnior defende que a questão genética também cumpre um papel relevante para o aumento da população. O organismo de nossos antepassados não estava adaptado para a fartura e passaram para nós a genética de retenção de calorias.

"Quando os tempos eram de escassez de alimentos, quem tinha mais condições de defesa corporal eram as pessoas mais gordinhas, porque tinham mais condições de armazenamento de energia. No momento em que temos alimentos à disposição sem esforço, a genética joga contra", explica o especialista.

Além disso, colabora para a proliferação dessa "genética gorda" também um aspecto cultural, que associava gordura a saúde até recentemente, como aquele discurso da vovó que diz que o neto "está doente se está magrinho".

"À noite, a serotonina, que é o hormônio do humor, se converte em melatonina, responsável pelo sono reparador. Nesse estágio do sono, as células conseguem mobilizar gorduras de forma adequada", explica Abdon José Murad.

Mas não tem sido fácil chegar a esse estágio do sono quando a tensão e o estresse estão cada vez mais intensos, a pessoa não consegue desligar o celular e acorda várias vezes durante a noite.
A ausência de exercícios físicos, bem como a alta ingestão de calorias, sempre teve o mesmo peso quando se fala sobre o que leva à obesidade. Mas elas não devem ser vistas assim, segundo os pesquisadores. Eles perceberam que o nível de prática dos exercícios físicos começou a cair antes do nível de obesidade aumentar.
Portanto, uma boa tática para combater a obesidade é alimentar-se adequadamente. Para não gerar um desequilíbrio hormonal que reduz a capacidade do corpo de produzir glicose, uma pessoa que acorda ainda mais cansada, sente a necessidade de consumir alimentos mais energéticos.

Uma dieta variada é a falta de acesso a uma dieta diversificada para o brasileiro e motivo da obesidade. O que depende menos de poder aquisitivo do que de educação alimentar.

Os alimentos ultraprocessados são muito consumidos pela população jovem porque são práticos. Outro problema é o comportamento alimentar. É muito comum as pessoas comerem rápido, sozinhas e com celular na mão.

"O tratamento da obesidade deve ser muito mais do que uma questão estética, ele é principalmente uma questão de saúde." Diz Abdon José Murad Jr.

A vulnerabilidade social muitas vezes obriga pessoas a trocarem alimentos de qualidade por alimentos baratos. A consequência disso é o crescimento de doenças como então a obesidade. Então, alimentar-se muito não é sinônimo de qualidade! Atente-se a sua saúde e previna essa epidemia do século.

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