Quais são os riscos que a obesidade pode causar?


A obesidade pode ser fator de risco de várias doenças, inclusive doenças cardiovasculares.

De acordo com o Dr. Abdon Murad Júnior  que respondeu as principais perguntas sobre a obesidade e quais são os primeiros passos que vão ajudar na qualidade de vida de uma pessoa com obesidade.


* Quais são os riscos que a obesidade pode causar?

A obesidade é fator de risco para diversas doenças como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2, distúrbios do colesterol ou triglicerídeos, doenças cardiovasculares, insuficiência cardíaca, apneia do sono e vários tipos de câncer.

* O que classifica uma pessoa como obesa?

A obesidade é definida através do cálculo do índice de massa corporal, realizado dividindo o peso pela altura ao quadrado. Quando esse índice é maior ou igual a 30 é definido como obesidade.

* Quais as causas da obesidade?

As causas da obesidade relacionam-se com estilo de vida envolvendo maus hábitos alimentares, sedentarismo e fatores psicossociais (transtorno de ansiedade, depressão, etc).
Ainda existem outras causas como doenças de tireoide, síndrome de cushing ou alguns fatores genéticos que aumentam a suscetibilidade ao ganho de peso.

* Qual o primeiro passo para tratar a obesidade?

Segundo Abdon Murad Júnior, o primeiro passo é a mudança no estilo de vida com o acompanhamento médico e nutricional.

* Quais especialidades médicas podem ajudar no tratamento da obesidade?

O profissional médico especializado na avaliação e tratamento da obesidade é o endocrinologista.
  • Quando optar pela cirurgia bariátrica?
Que é indicada para pacientes com falha no tratamento clínico realizado. Como quem encontra-se nesse estado por 2 anos, e para quem tem obesidade mórbida há mais de cinco anos, considerando Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35 kg/m² e 39,9 kg/m², com comorbidades, ou pacientes com IMC igual ou maior do que 40 kg/m², com ou sem comorbidades

Já a cirurgia metabólica é recomendado para pacientes que não conseguiram o controle do diabetes com o tratamento convencional e têm Índice de Massa Corporal entre 30 kg/m² e 34,9 kg/m².

* O custo da obesidade:

No Brasil, o custo da obesidade chega à 2,4% do PIB e está estimado em R$ 84.3 bilhões/ano. Além disso, 69.3% do total de mortes são atribuídos a doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares (30,4%), neoplasias (16.5%), doenças respiratórias (6,0%) e o diabetes (5,3%), muitas associadas à obesidade.

É necessário democratizar o acesso à cirurgia bariátrica e metabólica, oferecendo o melhor tratamento para o grande número de pessoas que necessitam de atenção e tem sua qualidade e expectativa de vida reduzidas.

Como prevenir a obesidade?

O Dr. Abdon Murad Júnior salienta que a prevenção envolve manutenção de hábitos saudáveis na alimentação, prática de atividades físicas regulares e busca de equilíbrio e saúde mental.

Não podemos nos manter inertes, como temos estado, nesta guerra contra um inimigo tão poderoso. Quando entendermos que obesidade não se trata apenas de "más escolhas alimentares", fraqueza ou de "fechar a boca", e sim de uma doença que faz acumular mais gordura, ter vícios alimentares, impedir perda de peso, e reganhar tudo o que perdeu, devido ao componente genético de até 70%, iremos começar a tratar a obesidade como ela merece.

Antes da conscientização do paciente com obesidade (não se usa mais o adjetivo "obeso/a/os/as"), temos que ter a conscientização real do governo, dos médicos, da população e da mídia sobre o que é obesidade - e somente acreditaremos que estamos mais conscientes sobre esta doença quando pararem de tratar com preconceito o paciente com obesidade, o tratamento da obesidade, e de achar glorioso tão e somente aqueles/as que perdem "apenas com dieta e atividade física".

Daí começaremos a ter propostas de políticas verdadeiramente eficazes, cuja aceitação será resultado natural da conscientização real de todos. 
O descontrole alimentar pode revelar excesso de controle pela pessoa em outras áreas da vida, excessiva rigidez com ela mesma e com os outros, alto grau de perfeccionismo e dificuldade em adiar a satisfação do prazer. Dessa forma, Abdon Murad Júnior salienta que a rigidez leva ao descontrole alimentar, funcionando como uma "válvula de escape", uma forma de compensação, o que favorece sentimentos de impotência e fracasso.

"O comer" pode alimentar emoções profundas, assim é necessário administrarmos nossas emoções que levam ao descontrole alimentar para mantermos a qualidade da nossa saúde, pois a emoção pode ter o poder de aniquilar a razão.

A falta de tempo, a ansiedade, a baixa autoestima, o fato de ter em casa alimentos altamente calóricos, a interferência da família na adesão ao tratamento, a facilidade para se ganhar peso, a falta de autocontrole e a falta de motivação para mudar o estilo de vida e os hábitos alimentares. Observa-se que, mesmo conscientes dos perigos que a obesidade traz, as participantes sentem dificuldade de por em prática o que sabem.

Existe a crença de que se emagrecessem aumentariam a autoestima, sendo que seria mais fácil para elas atingirem o emagrecimento se gostassem de si mesmas. Assim, Abdon Murad Júnior menciona é possível pensar que seria mais eficaz a perda de peso se primeiro houvesse uma melhora na autoestima.

A tentativa de emagrecimento acarreta várias perdas, pois o indivíduo deixa de estar presente em contextos sociais para evitar ingerir alimentos, o que pode levá-los ao isolamento social. Deixa também de comer alimentos saborosos que tem um maior teor calórico e passam a alimentar-se de forma mais saudável, porém que não lhes traz prazer. 
Como o indivíduo evita ingerir alimentos, muitas vezes há um aumento da ansiedade e frustrações, pois ele passa a não mais "descarregar" no alimento as suas tensões. Além disso, para que o emagrecimento ocorra é necessário um longo período de tempo, o que muitas vezes causa um desânimo ao indivíduo por não ver um resultado imediato.
"Mas o tratamento efetivo da obesidade depende de diversos fatores, sendo as mudanças de hábitos de vida tão ou mais importantes que a dieta e o tratamento médico." Diz Abdon Murad Júnior.

Não existe fórmula milagrosa. Sem esforço ou força de vontade não há resultados. Evite tratamentos que prometem perda de peso rápido e sem esforço. Isso não existe. Se for para gastar dinheiro, entre em uma academia e comece a se exercitar.

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